A ti guitarra baguala
Entrego meu sentimento,
Que amadrinhou meu lamento
Quando precisei costeio,
Desde graves bordoneios
Que atiçavam labaredas,
Ate ponteios de seda
Das primas em devaneios.
Vinha nos tentos do arreio
Segura em tantas jornadas,
E em noites enluaradas
Ao relento frente ao fogo,
Cantei ao sangue crioulo
Às Marias e ao Cruzeiro
E ao meu fiel companheiro
Gateado em pelo de ouro.
Mas o tempo é traiçoeiro
E nos fere lentamente,
Cada acorde persistente
Que ainda sustentava vida
Foi ficando ressequida
Naquela madeira boa,
Que em sua alma ainda ecoa
Recuerdos pra toda vida.
Ainda floreio despacito
A minha nobre guitarra,
Que hoje ja nao faz farra
Nem bordoneia tão grave,
Mas segue atendendo às claves
Que meus dedos ja cansados,
Enviam em tom sagrado
Que em suas cordas encrave!
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